segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Entrevista

Nosso entrevistado foi Roberto Carlos Pereira de Carvalho. Procuramos compreender seu ponto de vista em relação a preconceito racial e descobrir se ele já tinha sido alvo de racismo.

1) Como início, gostaríamos de saber o que você entende por preconceito? E preconceito racial?
O preconceito é discriminação em relação a qualquer aspecto que diferencie um cidadão dos demais.
O preconceito racial restringe-se apenas a cor da pele, quando são tomadas atitudes para rebaixar ou humilhar uma pessoa por causa de sua raça. Este preconceito geralmente existe em pessoas que se julgam melhores do que as outras por terem uma cor de pele ou raça diferente. Os mais atingidos por esse preconceito são sem dúvida os índios e negros, porque a raça branca já domina o mundo, e alguns se acham melhores do que os outros.

2) Tempos atrás, acreditava-se que negros eram inferiores a brancos e, por isso, deveriam realizar todo tipo de tarefa, e não eram tratados como ser humano, sendo até mesmo vendidos como produtos. Qual a sua opinião sobre os maus tratos aos quais os negros eram submetidos? 
Os brancos se sentiam superiores por dominarem a política, o capital, a tecnologia. Os maus tratos também eram aceitos pelos negros porque mesmo em maior número eles não se sentiam capazes de lutar por seus ideais. Quando um grupo de indivíduos é massacrado física e psicologicamente ele perde a sua individualidade e a sua força, passando a acreditar que são realmente inferiores.

3) É evidente que, mesmo após a abolição, os traços do preconceito ainda assombram a nossa sociedade. Já sofreu algum tipo de preconceito?
Trabalho na área de segurança, onde há um número alto de negros, mas isso pode ser um aspecto tanto positivo quanto negativo. Uma vez, quando trabalhava num condomínio comercial da Barra da Tijuca, recebi do síndico o pedido para retirar um menino que vendia doces na divisa entre este condomínio e o vizinho. Eu e mais um colega de trabalho abordamos o menino, pedimos que ele se retirasse e ele o fez. Quando voltamos, o síndico parecia alegre por termos feito com que o menino saísse, dizendo:
- É, vocês realmente conseguiram expulsar o menino.
- Sim, conseguimos executar um bom trabalho. – respondi.
- Bom... Acho que você e seu colega só expulsaram o menino porque vocês são pretos. Sua cor assusta.
Pessoas ao redor ouviram a frase preconceituosa. Alguns queriam que fossemos para a delegacia ou que o síndico sofresse uma punição rígida. Mas, achei suficiente que aquele homem engolisse todo seu orgulho e preconceito e pedisse desculpas a mim e a meu colega, na frente de todos.

4) Acredita que isso (tanto sofrer preconceito quanto saber dos maus tratos sofridos por outros negros) tem influência no seu atual pensamento sobre os outros grupos-étnicos? (sentimento de raiva, tristeza, etc)
Sim. Acho que todos os grupos étnicos devem ser respeitados e tratados de forma igualitária. Quando sofri preconceito, percebi o que acontece com os outros e me senti solidário com as outras pessoas que sofrem preconceito.

5) Se pudesse acabar com o preconceito racial em todo o mundo, você o faria? De que forma? (Mais educação, mais projetos sociais, mais inclusão social...)
Sim. Investiria principalmente na educação e na saúde, já que os negros ficam a margem economicamente, por causa de seu histórico de exploração. Tentaria homogeneizar a sociedade e colocar todos em pé de igualdade.

Roberto Carlos Pereira de Carvalho

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